
Por: ATTILA MATTOS
18/06/2022
08:40:55
EXECUTIVO ALEMÃO FOI MORAR NA FAVELA

Naquela sexta-feira, Hans estava estafado, triste, amargurado e sem saber o que fazer. Ir para casa não lhe dava o menor prazer. Nesses dias, as pessoas se reúnem nos botequins para comemorar o final da semana de trabalho. Assim, Hans foi perambulando, parando num bar e noutro, tomando um whisky aqui, uma cerveja ali, até chegar meio trôpego numa boate da Lapa. Já tinha a gravata frouxa, o paletó aberto e amarrotado. Passava das 10h da noite e, o rosto muito vermelho, o cabelo despenteado e, enfim, o aspecto geral do alemão era de arrasado. Observou-lhe Eliete, dançarina da boate que vez por outra fazia uns programas para melhorar seu rendimento e, assim, satisfazia a angústia de quem chegava como Hans. Eliete aproximou-se do gringo que lhe pediu um drink. Conversa vai, conversa vem, a moça sentou e passou a ouvi-lo por mais de duas horas. Faltava pouco para meia noite quando Eliete o levou para a Rocinha.
No barraco a vida de Hans se transformou. Amou
a moça como a uma Deusa. Uma hora depois
estavam satisfeitos, cansados e com fome. Tudo o que Eliete tinha para oferecer
era arroz com batata e azeite composto com óleo de soja. Para beber só havia
água. Após a refeição, os dois apagaram.
Acordaram às 10h da manhã e Hans não estava
preocupado visto que Frida não ligava mesmo para ele. Levantaram e beberam café
puro pois era o que tinha. Conversaram um pouco, Hans deu-lhe um agrado em
dinheiro e foi para sua residência na Barra da Tijuca. Lá chegando foi dito e
feito; Frida nem perguntou aonde o marido dormiu e foi logo despejando
problemas domésticos. Hans praticamente nem a ouvia, ainda embalsamado pelo
cheiro e pelas lembranças da noite.
Teve um fim de semana medíocre como sempre,
porém, estava mais aliviado da tensão permanente em que vivia. Novamente chegou
a sexta-feira. E daí, o que fazer? Em princípio, Hans titubeou. Achou que era
coisa de doido. Mas depois de alguns whiskys, chopps e azeitonas, partiu para a
Lapa. Sentaram, beberam, conversaram e Hans dormiu mais uma vez na Rocinha.
As sextas-feiras se sucederam e por fim já
passeavam e dançavam na Lapa antes de ir para “casa”. Com o tempo passaram a
manter contato diário e numa viagem de trabalho a São Paulo, Eliete o
acompanhou.
No dia 24 de março de 2009, Hans apresentou
sintomas da zoonose chikungunya, enfermidade viral transmitida pelo mosquito
aedes aegypti. Eliete cuidou dele por 10 dias e, quando ele estava melhor, foi
até sua residência e disse a esposa:
- Frida, ich will in der “favela” wohnen!!!
Tradução: Frida, vou morar na
favela!!!
COLUNA

O SEPULTAMENTO DO DR. ANTENOR BAPTISTA E O (...)
COLUNA

INCONGRUÊNCIA NOS TIRA DO EQUILÍBRIO
COLUNA

“CAUSOS” FRIBURGUENSES
COLUNA

MUNDO ONLINE – A VIDA COMO ELA É
COLUNA

PIRACANGA, UM LUGAR ABENÇOADO!!!
COLUNA
