Por: VICTOR VIANA
13/05/2021
12:28:51
BÚZIOS NÃO É MAIS UMA VILA
Hoje em dia é amplamente aceito que uma das maiores
preocupações e por conseguinte um dos principais objetivos em um destino
turÃstico por excelência deve ser o desenvolvimento e crescimento sustentável
dos bairros periféricos. Estruturar este crescimento tem que deixar de ser uma
ambição e passar a ser uma necessidade primária de ordenamento do território,
uma vez que melhora significativamente a qualidade de vida da população e ajuda
a garantir um futuro melhor às próximas gerações.
Logo, uma relação equilibrada entre as polÃticas de ordenamento
territorial periférico e o seu impacto no turismo requer uma melhor entrega de
serviços essenciais à estas comunidades, levando desta forma ao crescimento
sustentável e à uma melhor qualidade de vida, sendo que certos princÃpios são
direitos sociais garantidos pela Constituição, exigindo assim a melhoria e
re-priorização na oferta de serviços básicos, além de uma melhor distribuição
dos empregos e dos equipamentos nos territórios, garantindo assim equidade com
infraestruturas e atendimento na saúde e na educação.
Uma das mensagens que li depois do artigo que escrevi sobre
“A importância da escala arquitetônica em um destino turÃstico†foi que “Búzios
está além do centro da cidade, seus bairros precisam ser incluÃdosâ€. Está
corretÃssima esta colocação e em alguns casos temos bairros que precisam,
inclusive, ser incluÃdos nas experiências oferecidas aos turistas, como a do
TBC (turismo de base comunitária), por exemplo.
Já visitei destinos turÃsticos que conseguiram identificar a
tempo seus potenciais, mesmo num processo acelerado de turismo de massa.
Através de reordenamento e planejamento DubrovniK (Croácia) é hoje um dos
destinos turÃsticos mais demandados no Mar Adriático, com um ticket médio
diário acima de seus concorrentes próximos. Mas posso igualmente dar um exemplo
contrário, de uma vila de pescadores no sul de Portugal, Albufeira no Algarve,
que tem hoje cerca de 40 mil habitantes. Albufeira já foi um local delicioso
para passar férias: vilarejo charmoso, com praias muito bonitas, mas que se deixou
destruir, perder sua identidade, pelo turismo de massa e o desestruturado
investimento que corre em paralelo com esta “enchente de gente ávida por
consumir coisas diferentesâ€, investimentos em comércios que nada tinham em
comum com o turista mais seletivo que procurava aquele destino.
É um pouco o que hoje vemos em Búzios. Como dizia um outro
comentário ao meu artigo, “Búzios não é mais essa vila há muito tempoâ€, e é
fato que deixamos de ser vila a partir de 12 de novembro de 1995 quando Armação
dos Búzios passou a ser considerada oficialmente uma cidade, tornando-se
distrito-sede de um municÃpio. Entretanto, julgo o que se pretendeu dizer com o
dito post foi que estamos perdendo as “caracterÃsticas de vilaâ€. E são destas
que falo quando entendo que ainda estamos em tempo de manter nosso patrimônio
vivo, pois nossa identidade se fortalece com o padrão arquitetônico consistente
e coerente que ainda temos e, por isso, nosso ordenamento e planejamento de
território também tem que levar em consideração a não destruição deste bem,
pois ele é fundamental para diferenciar Búzios dos outros destinos turÃsticos
do paÃs.
Por: Kiki